
LOMBALGIA
A dor lombar, também conhecida como lombalgia, é uma das queixas mais comuns na prática clínica. É uma condição que afeta cerca de 80% da população mundial, tendo maior incidência entre os 30 e os 50 anos. Fatores como o estilo de vida sedentário, alimentação, atividades repetitivas, obesidade e stress podem contribuir para esta situação.
Tipos e causas de Dor Lombar
A dor lombar pode ser multifatorial, desde problemas mecânicos até doenças sistémicas.
As principais causas incluem:
Degeneração do disco lombar
As estruturas que constituem a coluna lombar incluem músculos, fáscia (invólucro de tecido conjuntivo que envolve todas as estruturas do nosso corpo como os órgãos, músculos, etc.), ligamentos, tendões, articulações, elementos nervosos e vasculares, vértebras e discos intervertebrais, todos suscetíveis a stresses bioquímicos, degenerativos e traumáticos.
Os discos, que são 70-80% aquosos, são compostos por um núcleo pulposo (interno) e um anel fibroso (externo), onde a sua principal função é absorção de choques e preservar os movimentos da coluna vertebral. Durante a cicatrização natural da hérnia, a neovascularização (formação de novos vasos sanguíneos) ocorre e minúsculos nervos sensitivos podem penetrar o anel e núcleo pulposo rompidos, levando a sensibilização mecânica e química o que pode provocar dor nalgumas pessoas e noutras não.
Dor radicular da lombar
A dor lombar que irradia para a perna, geralmente abaixo do joelho (dor radicular), pode resultar de compressão mecânica da raiz nervosa e irritação química de várias substâncias inflamatórias que saiem dos discos degenerados. Ao contrário da dor referida de articulações, músculos e discos, a dor normalmente irradia numa distribuição específica que percorre o caminho do nervo. O núcleo pulposo herniado é a causa mais comum de dor radicular, embora após 60 anos de idade, a estenose lombar (estreitamento do canal medular) seja a principal causa. A estenose lombar pode causar compressão mecânica crónica que pode resultar numa lesão da raiz nervosa.
De salientar, no entanto, que tanto a hérnia de disco como a estenose lombar são diagnósticos radiológicos, e que nem todas as pessoas com estenose e hérnias têm dor.
Artropatia Facetária
As articulações facetárias conectam vértebras adjacentes as quais desempenham um papel fundamental na limitação dos movimentos da coluna, no entanto, a sua função vai diminuindo à medida que os discos envelhecem e degeneram. Estas articulações são também predispostas a alterações degenerativas como osteoartrite.
A dor referida na articulação facetária lombar pode variar tanto ao nível da coluna lombar como região pélvica e membros inferiores.
Dor Sacro-Ilíaca
A articulação sacroilíaca é a junção entre o osso Ilíaco e o Sacro a qual consiste numa extensa rede de ligamentos, sendo por isso uma articulação muito estável e pouco móvel. Ainda que a dor nesta região se apresente mais frequentemente nas nádegas, mais de dois terços das pessoas terão queixas lombares e aproximadamente 50% dos casos a dor irradia para a perna. Tanto os ligamentos quanto a cápsula fibrosa são constituídos por recetores de dor e ambos podem ser uma fonte de dor.
Dor miofascial
Músculos, fáscias e ligamentos também podem provocar dor. Músculos que podem potencialmente contribuir para dor lombar incluem músculos profundos (por exemplo, multífidos) e os músculos grande dorsal, psoas ilíaco, diafragma, quadrado lombar e paravertebrais. Todos eles são essenciais para a flexibilidade e função normais da coluna e órgãos abdominais, no caso do diafragma. A dor miofascial pode resultar de esforços de repetição, lesões agudas por estiramento/roturas e espasmo muscular.
Tanto a fáscia como os ligamentos são elementos importantes não só em toda a biomecânica dos movimentos pela estabilidade que proporcionam como na proprioceção que fornecem ao cérebro (capacidade do reconhecimento espacial do corpo) através de recetores importantes na sua estrutura, que podem produzir dor no caso de haver lesão dos tecidos.
Espondilolistese
A espondilolistese é uma condição na qual uma vértebra se desloca para a frente sobre a vértebra acima ou abaixo, o que pode comprimir as raízes nervosas da espinhal medula e causar dor lombar. É uma condição que pode ser congénita ou desenvolver-se como resultado de lesão ou degeneração dos discos intervertebrais. O tratamento pode variar desde fisioterapia até cirurgia, dependendo do grau de deslocamento e dos sintomas presentes.
Dor lombar com relação visceral
O movimento involuntário dos órgãos é indispensável para a dinâmica funcional da coluna lombar (e não só). No caso de haver uma restrição de mobilidade num órgão a sua adaptação rápida e bem conseguida é impossível, pelo que haverá consequências a nível da sua função e metabolismo. Quando um órgão perde parte ou totalidade das suas possibilidades de movimento, tal como pode acontecer num músculo, denomina-se fixação visceral. Nesta condição, uma disfunção a nível muscular pode repercutir num órgão através da fáscia e vice-versa, provocando sintomas como dor lombar.
Aqui a osteopatia visceral é essencial de modo a promover a harmonia dos sistemas que conectam músculos e ligamentos com os nossos órgãos.
Fratura Vertebral lombar
As fraturas vertebrais podem ser resultado de vários fatores. As causas mais comuns de fraturas vertebrais são acidentes de carro, quedas e desportos de alto impacto. No entanto, também podem ter origem em condições médicas que enfraquecem os ossos, como a osteoporose e certos tipos de cancro. É por isso que a causa deve sempre ser avaliada cuidadosamente. Dependendo dos casos o tratamento pode incluir medicação e fisioterapia e, em casos mais graves, cirurgia.
Tratamento e Prevenção da lombalgia
O tratamento da dor lombar depende da causa subjacente e pode incluir desde medidas conservadoras, como osteopatia e fisioterapia até intervenções cirúrgicas nos casos mais graves.
A prevenção da dor lombar envolve a adoção de hábitos de vida saudáveis, como a prática regular de exercício físico, alimentação saudável e manutenção de peso adequado, boa regulação do sono, manter ampla variabilidade da nossa postura ao longo do dia e adotar práticas que visam a reduzir/controlar o stress diário a nível pessoal e profissional.
Conclusão
A dor lombar é uma condição muito prevalente e multifatorial, a qual tem um impacto significativo na nossa qualidade de vida. Compreender as suas causas e as possíveis patologias associadas é fundamental para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz. A prevenção, através de práticas e mudanças no estilo de vida é essencial para reduzir a incidência de lombalgia bem como as suas consequências.
Várias metódos podem ser uteis para resolver estas dores crónicas, se precisas saber mais sobre isto continua a ler : O Alivio da Dor Crónica é uma verdade
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